METODOLOGIA
E PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS
Este trabalho parte do pressuposto que a educação em
ciências pode promover uma reflexão crítica sobre a tecnologia e a sociedade,
bem como contribuir para o processo de emancipação e tomada de decisão através
do conhecimento dos conceitos físicos, seu desenvolvimento histórico e suas
aplicações.
O projeto foi elaborado para ser aplicado em turmas de
2º ou 3º ano do ensino médio, no ciclo final da educação básica, sendo
necessários, mas não excludentes de aplicação, já terem tido contato com os
conceitos abordados em óptica e ondulatória, pois aborda a propagação da luz, a
reflexão, comprimento de onda, instrumentos óticos, entre outros assuntos.
A proposta de ensino-aprendizagem apresentada
estabelece Paulo Freire como principal teórico para sua concepção, aliado aos
conceitos defendidos pela abordagem 3MP, de problematização, organização e
aplicação do conhecimento. Da mesma
forma, o presente projeto compreende a necessidade que o corpo social se
aproprie do conhecimento cientifico, fazendo desse aprendizado as bases para a
compreensão e intervenção no mundo. O conceito de Modelo Mental, por
Johnson-Laird, é trabalhado na proposta com objetivo de desenvolver a análise
sobre os resultados de intervenção deste projeto.
Ressaltamos que para Freire a problematização e a
dialogicidade são princípios centrais. Onde, a problematização deve ser um
processo no qual o educando se confronta com situações de sua vida diária,
desestabilizando seu conhecimento anterior e criando uma lacuna que o faz
sentir falta daquilo que ele não sabe. O diálogo proposto por freire pressupõe
uma intencionalidade de horizontalidade, implica uma educação realizada com o
educando e não para ele, ou sobre ele. Implica que através desse diálogo a
capacidade de libertação dos homens.
A dinâmica da educação problematizadora é
operacionalizada por meio da investigação temática (Freire, 1975). É por
meio dela que o educador — ou melhor, a equipe interdisciplinar de educadores —
se aproxima da realidade dos educandos, identificando os níveis de percepção
que os sujeitos têm desta realidade, permitindo uma integração entre educação
científica, tecnológica e social, em que os conteúdos científicos e
tecnológicos são estudados juntamente com a discussão de seus aspectos históricos,
éticos, políticos e socioeconômicos (SANTOS e MORTIMER, 2002, p. 135).
Esta inclusão precisa promover o estímulo à reflexão e
à ação crítica dos alunos. O Ensino de Ciências que busca preparar o aluno para
o exercício da cidadania, para que adote atitude de vigilância crítica diante
de acontecimentos sociais que envolvam conhecimentos científicos e tecnológicos
e participe dos processos de tomada de decisão sobre temas que envolvam ciência
e tecnologia (AULER, 2003, p. 70)
No que se refere aos três momentos pedagógicos,
devemos destacar as necessidades (MUENCHEN,
DELIZOICOV; 2014):
1. da Problematização
Inicial, para propiciar uma reflexão crítica do estudante,
procurando promover situações para discussão, defrontando suas interpretações e
fazendo com que ele sinta a necessidade da aquisição de outros conhecimentos
que ainda não detém;
2. da Organização
do Conhecimento, onde a orientação do professor deverá prover um
momento de debate sobre os conhecimentos de física necessários para a
compreensão dos temas e da problematização inicial;
3. da Aplicação
do Conhecimento, momento para analisar e interpretar tanto as situações
iniciais que determinaram seu estudo quanto outras que, embora não estejam
diretamente ligadas ao momento inicial, possam ser compreendidas pelo mesmo
conhecimento.
Ao abordarmos Johnson-Laird, compreendemos que a fonte
primária para a elaboração dos modelos mentais (representações analógicas) é a
percepção, mas também podem se formar a partir do discurso ou ser fruto de
nossa imaginação. Sua construção deriva da estrutura de mundo percebida pelo
indivíduo, de seu conhecimento anterior, da necessidade de manter o sistema
cognitivo livre de contradições para não saturar sua memória de trabalho
(Johnson-Laird, 1983)
A ideia de modelos mentais como representações de alto
nível, indispensáveis para a compreensão, tem profundas implicações
instrucionais pois, nessa ótica, aprender é construir modelos mentais do que é
sendo ensinado e ensinar é facilitar a construção e revisão dos modelos mentais
(Moreira, 2015, pág 203). Logo, a utilização das concepções de modelos mentais
de John-Laird, permite que durante a comparação com destes modelos físicos,
seja possível realizar avaliação interna da aplicação de uma sequência
didática. No caso deste projeto uma sequência didática que permita ao estudante
refletir sobre a utilização de tecnologias na sociedade em especifico o
funcionamento, estrutura e aplicação do Laser. E, assim, compreender como os
estudantes relacionam os conceitos de luz, fóton, emissão estimulada da
radiação e coerência.
ATIVIDADES
Para elaboração das atividades a serem desenvolvidas
pela sequência didática, tomados os conceitos dos referentes pedagógicos,
devemos promover uma produção inicial ou diagnóstica, referenciada em capturar
informações sobre modelos mentais, permitindo aos estudantes representar
através de textos, imagens ou proposições, que demonstrem as suas concepções
adquiridas através de sua experiência de vida, dos conceitos físicos
relacionados ao laser e suas aplicações cotidianas. Esta aplicação para
produção inicial, chamada de “instrumento pedagógico” para comparação dos modelos
mentais não será contabilizado como aula e o tempo de desenvolvimento não deverá
ultrapassar 50 minutos.
Após esta etapa, o trabalho se concentra na promoção
do diálogo, referenciado em Paulo Freire, através de módulos constituídos que
permitam a troca de experiências e informações entre os alunos e o professor, devendo
ser sequencial, dividindo-os na concepção dos Três Momentos Pedagógicos, tendo
como objetivo principal a reflexão sobre a importância da compreensão
cientifica através destes conceitos e informações. Os estudantes deverão ser
estimulados a expressar, por meio da fala ou da escrita, em cada encontro, para
discutir o conhecimento e, assim, permitir que o professor possa avaliar os
progressos efetivados, permitindo a participação dos outros estudantes,
enriquecendo o debate em sala.
Cada uma das aulas será dividida em três momentos:
Problematização, Organização e Aplicação do conhecimento. Esta divisão interna
das aulas está baseada no referencial pedagógico de Paulo Freire e dos 3MP. A
concepção geral da SD aqui utilizada também busca atender estes requisitos,
sendo as aulas 1, 2 e 3 compreendidas como problematização; as aulas 4 e 5 como
organização do conhecimento e a aula 6 como aplicação do conhecimento. Além
disso, cada diálogo desenvolvido será analisado dentro dos referenciais citados
e das concepções de modelo mental para avaliar a organização e a aplicação do
conhecimento.
Após a aplicação da sequência didática será aplicado,
novamente o instrumento pedagógico para comparação dos modelos mentais.
* Para obter a sequência didática completa entre em contato com o autor, temos interesse acadêmico e científico sobre aplicações desse projeto
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